A tragédia é uma forma de teatralizar pela seriedade e dignidade em períodos menos bons (ditadura, autocracia ou de instabilidade social), com um final triste ou catastrófico, como um meio para honrar e elevar. A comédia é uma forma teatralizar emaranhados e sarcasmos, surge em quaisquer períodos, mas, regra geral em democracia e tem um final conciliador, como meio para ridicularizar e ironizar. Uma e outra têm origem no desequilíbrio entre o ser, o ter, o estar e o fazer do saber habitual, normalmente quando se tenta encontrar soluções para situações dramáticas ou incoerentes do quotidiano.
A sociedade tem períodos de tragédia que conta com três atores, todos usam máscaras: a miséria, o medo e a ignorância e também períodos de comédia que conta com quatro atores, também todos usavam máscaras: a política, a religião, a economia e as finanças. Na tragédia temos o conflito na comédia a ficção e daí a necessidade de equilíbrio e de sustentabilidade entre ambas que resulta num novo paradigma em que lidamos com as situações, entre as desgraças e as graças e o modo como se encaram nos cenários.
As civilizações tem vivido de tragédias e as comédias, prepotências, preconceitos e hipocrisias, farsas, com base nas correntes dos poderes e dos saberes, que evoluem desde a antiguidade há atualidade, fruto do desenvolvimento económico e social normalmente associado à luta do coletivo das classes sociais e às descobertas científicas e tecnológicas. A humanidade em tempo algum se dissociou, dissocia ou dissociará da tragédia e da comédia fazem parte da sociedade, de alguns em particular e de todos em geral, fruto de causas, contextos e consequências das utopias, distopías e retrotopias da evolução.
A humanidade necessita de um novo paradigma por razões de fato, políticas, religiosas, económicas e financeiras e por razões de direito, princípios, valores e instituições, está na hora de acordarmos para a explosiva realidade e encontrarmos uma solução que arrefeça os estados de alma a quaisquer das razões das partes em conflito. O ser humano não pode viver das perspetivas de um dia após o outro, a grande maioria com tostões que sobrevive às circunstâncias dos tempos do tempo e de uns poucos a viverem com milhões da exploração das fraquezas alheias e a coberto de esquemas dos atores incendiários e inqualificáveis das tragédias e comédias na conjuntura internacional.
O Mundo está à beira de um ataque de nervos que o pode levar à destruição da vida no planeta de um momento para outro sem aviso prévio, assiste-se as constantes tragédias e comédias, nomeadamente do medo instalado pelos conflitos regionais, às ameaças de uma guerra mundial, das misérias nas pandemias, da destruição das escolas e hospitais, aos campos de refugiados, às migrações suicidas, do desrespeito pelas crianças e mulheres e pelas resoluções da ONU ou do TIJ. A juventude está desprovida de propósitos concretos, com sentido e de futuro, em contrapartida promove-se políticas públicas desastrosas, nas religiões o fundamentalismo político ou o fanatismo terrorista, nas economias a meritocracia do vale tudo e nas finanças a resiliência a qualquer preço.
O apocalipse anunciado das profecias, tem como base as tragédias ou comédias que nos confrontam entre sermos filhos de um Deus maior ou menor e atores por acaso, por capricho, por imposição ou por opção da vida, em cenários grotescos, dantescos e maquiavélicos. Numa alusão a Oscar Wilde…“Que sorte têm os atores! Cabe a eles escolher se querem participar de uma tragédia ou de uma comédia, se querem sofrer ou regozijar-se, rir ou derramar lágrimas; isto não acontece na vida real. Quase todos os homens e. mulheres são forçados a desempenhar papéis pelos quais não têm a menor propensão O mundo é um palco, mas os papéis foram mal distribuídos.”
Aproximo-me suavemente do momento em que os filósofos e os imbecis têm o mesmo destino. Voltaire