Os incendiários estão diretamente relacionados com os inqualificáveis e na proporcionalidade direta com o oportunismo das situações, para um acesso a outras condições que à partida não estavam ao seu alcance, consequência de uma falta de princípios, valores e civismo, de uma aprendizagem humanista e do voluntariado ao longo da vida e ainda por uma demagogia estrutural e conjuntural fomentada pelo sistema. A demagogia é o seu principal trunfo capturando as meias verdades e as meias mentiras da informação num contexto residual, não fazendo recensão dos conteúdos e utilizando a comunicação social com o objetivo de promover a dúvida, a descrença e a desilusão na evolução individual e na esperança social.
Os inqualificaveis não nascem de geração espontânea são fruto de anos e anos de péssimos resultados operacionais sociais, económicos e financeiros e selecionam criteriosamente as razões de factos e articulam-nas com as razões de direito para provocarem o caos e o vazio, escalpelizando e especulando as situações e não olham a meios para atingir os fins. Numa política do vale tudo sem escrúpulos e sem qualquer dignidade pelas pessoas em causa e numa provocação constante, crescente e caso não se manifeste a indiferença e se vá atrás da provocação para se tentar justificar o que é quase impossível justificar face a situações complexas que não foram devidamente equacionadas e resolvidas pelos seus autores passam a ser heróis nacionais.
Os incendiários são em suma a causa dos inqualificáveis e qualquer rotulo ou epigrafe é dar-lhes valor a mais numa escala que é difícil à partida integrá-los porque não têm princípios nem valores. A única qualificação a atribuir a esta gente que deixou de ser gente será um joker do baralho de cartas visto que não fazem parte dos naipes do jogo em sociedade mas que caem no tabuleiro em jogos sofisticados e digamos até mafiosos em ocasiões de descontrole social. Os inqualificáveis encontram o terreno de jogo propício para fomentar a divisão da opinião pública face ao desnorte por não se cumprirem há algum tempo os princípios e os valores das Constituições e das Declarações Universais.
As novas lideranças e clientelas mundiais são alimentadas por uma oligarquia se forem de leste ou multimilionários se o não forem, que governam os mercados financeiros, as bolsas de ações que controlam os políticos e os governos, promovendo inflação, deflação ou reflexão e as teorias da conspiração. As histórias mal contadas da comunicação social, com alguma dificuldade na recensão das situações para descobrir a verdade, a coberto de interesses que mais altos se levantam e que obrigam a omitir, a manipular, a subverter, a distorcer as leis e a sua aplicação, com uma rede instalada e subsidiada, defendida oficiosamente por um sistema corrupto mas politicamente correto para tapar e esconder a justiça ou a prescrever a qualquer preço.
As manifestações políticas radicais e os seus representantes inqualificáveis neste início de século ressurgem devido à instabilidade mundial provocada pela miséria, a fome e o medo das guerras políticas, económicas, financeiras e religiosas com o objetivo de manter a concentração da riqueza numa pequena percentagem da população mundial enquanto a grande percentagem vive sem bens e serviços de primeira necessidade, com trabalho mais que precário que mal assegura a sobrevivência diária. Uma vida sem sossego, sem perspetiva de um emprego estável e com horários de trabalho, mas ainda é uma bênção nascer no segundo mundo porque os do terceiro mundo vivem em campos de concentração como autênticos rebanhos sem qualquer meio de subsistência à espera das doações da comunidade internacional.
É preciso, é necessário, questionar esses inqualificáveis sobre qual será a sua atitude cívica para com os seus alvos?... se têm trabalho para disponibilizar e para garantir a sobrevivência?... se asseguram a vida, com o mínimo de dignidade, a quem já não tem condições para trabalhar?... se asseguram a liberdade de expressão e de opinião aos alvos para se defenderem?... se enfim respeitam os Direitos Humanos. Aos incendiários é preciso e necessário questionar se não se apercebem ou não tem consciência das mexas que vão deixando por esse mundo e se pensam que algum dia passam imunes às situações mesmo que vivam em condomínios ou ilhas seguras… mas desiludam-se porque não são suficientemente protegidas de pandemias e da manipulação da inteligência artificial.
Os inqualificáveis não chegaram hoje, já cá estavam, foram alimentados, acorrentados e subsidiados, provocaram-lhes a fome do poder e a sede do protagonismo e na altura própria promovem-nos como gansos, para os atiçarem como animais de guarda. Enfim criaram-lhes no seu intimo as razões de facto para o vale tudo, a chamada nomenclatura da resiliência ou meritocracia, gerados mais ao centro ou mais à direita e até por vezes à esquerda, mas não passarão de uns bonecos amestrados que serão dispensados em qualquer altura. Na atual conjuntura não são mais do que uns testas de ferro da engrenagem ao serviço dos sem rosto, dos interesses financeiros, que tentam a todo o custo subverter e manipular os avanços civilizacionais pela demagogia usando a prepotência, o preconceito e o populismo, mas que serão substituídos por outros já em ações de formação nas academias políticas da democracia liberal.
À humanidade resta-lhe olhar para o que deram crédito ao valorizarem as ditaduras das minorias, por culpa da ingovernabilidade dos regimes, pelas dúvidas articuladas na falácia, pelo compadrio das redes sociais subsidiadas, pelo oportunismo político das situações, promovendo como consequência mais cedo ou mais tarde, em última instância, o suicídio individual e coletivo do Estado de direito. A sociedade foi adulterada, os princípios alienados a qualquer preço, os valores invertidos nas escalas sociais, políticas e económicas e a dignidade humana confinada e amestrada aos interesses imediatos dos oligarcas ou multimilionários com base num cooperativismo dos saberes e dos poderes instalados que não passam de sebentas que se compraram e se venderam para controlarem a educação, a saúde, a habitação e o trabalho em nome do povo.
Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar. Abraham Lincoln