01/10/2024 às 08:00

RETROTOPIA OU DEMAGOGIA

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A retrotopia um conceito do nosso tempo, em que a nostalgia serve como uma autodefesa social, sobre a ilusão na crença de um futuro promissor com crescimento económico ilimitado, recursos infindáveis e o fim das desigualdades sociais.  Após as quedas dos ismos, do fascismo e comunismo, os modelos socio económicos e políticos, ditos democráticos, aliados às novas tecnologias seriam um passo em frente para a humanidade, mas após algum tempo apercebeu-se que estávamos a entrar nos espaços dos retros, das espectativas goradas, atendendo a uma certa inércia sem soluções e à vontade de voltar ao passado. O estado da Humanidade, do Planeta e do Universo começou a alimentar uma descrença no futuro com a perceção de sensações de uma incerteza e impotência após a crise financeira, a pandemia, as alterações climáticas e mais recentemente aos conflitos regionais ou eventualmente mundiais.

O pensamento utópico do embuste da meritocracia deu origem ao oposto a um pensamento distópico e nestas circunstâncias a retrotopia originou e instalou reformulações, remisturas, reciclagens, revivalismos, regressos, recuperações, remakes, reedições, retrospetivas e inclusivamente a resiliência uma perceção de sofrimento para além da resistência.  Mitigamos o passado distopicamente com um saudosismo doentio como se não houvesse esperança, uma sensação de perca e sem confiança no futuro, a ter em conta em todos os tempos do tempo do saber do ser, ter, estar e fazer.  A humanidade vive de urgências e emergências e não pode desistir de construir para as gerações futuras e não deve embalar numa atitude medíocre de vamos viver um dia de cada vez que não lhe permita nem sequer sonhar para ter um propósito.

A demagogia e o regresso ilusório a um passado, a uma história coletiva, com múltiplas estórias individuais, não é solução, é necessário viver o presente a perspetivar o futuro com o acervo do passado, valorizando as tecnologias do presente, mas tendo atenção ao observatório para o futuro.   As elites políticas, religiosas. económicas e financeiras promoveram o desemprego, a precariedade, as desigualdades cresceram, a descrença no futuro e impuseram umas nuvens de incerteza e impotência nomeadamente no trabalho, na saúde, na educação e na habitação com as soluções do passado que se revelaram ineficazes para a vida individual e coletiva em que as causas, os contextos e as consequências desacreditaram-nas.   As esperanças de um futuro melhor continuam intactas, mas não podemos esperar por um passo de mágica, uma salvação divina ou um fruto do ocaso, a humanidade sempre teve tempos bons e menos bons.

A filosofia social (política, religiosa, económica e financeira) que advogue por disrupção promove uma disponibilidade, uma acessibilidade, uma interoperabilidade e reutilização das situações não pondo em causa a proteção dos dados pessoais ou coletivos no respeito integral pelos os direitos fundamentais, promovendo representações pela unidade com eleições diretas sem quaisquer cargos ou grupos, com representação ou eleição vitalícia.    Uma portabilidade social, formal, natural ou humana comprovada e tudo o que não seja alvo de informações, pareceres e despachos devidamente fundamentados, à partida não deve pôr em causa o equilíbrio entre as necessidades e capacidades da natureza e do objeto em causa.   A vida e a sua sustentabilidade devem estar sempre e sempre asseguradas e que a liberdade nunca esteja em causa quaisquer que sejam os valores e os requisitos que a sociedade possa reclamar ou vislumbrar como adequados a certas e determinadas circunstâncias pontuais como soluções. 

Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar…enquanto houver ventos e    mar a gente não vai parar…que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo…                          Jorge Palma


01 Out 2024

RETROTOPIA OU DEMAGOGIA

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