As Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários vão lentamente agonizando em meios humanos e financeiros vivem hoje em dia das boas e das más vontades das entidades oficiais, das empresas públicas ou privadas e da comunidade. As comparticipações das entidades oficiais em alguns casos, como seja a ANPC não pagam os descontos dos funcionários ao serviço destas Instituições para a Segurança Social, as comparticipações do Poder Local (Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias) são discricionais sujeitas a interesses políticos, financeiros e pessoais e a comunidade está cada vez mais desenraizada por razões estruturais e conjunturais.
O Movimento associativo em geral está em crise, por razões estruturais, as comunidades hoje são digitais, sem responsabilidades acrescidas nas organizações locais e escusam-se a qualquer outro tipo de comparticipações para alem das obrigatórias. A crise agrava-se ainda mais por razões conjunturais porque a comunidade cada vez mais está refém por força das circunstâncias dos seus interesses, da pressão de lóbis e da manipulação pela sociedade da informação. Em outra dimensão os tratados internacionais são uma falácia porque há Estados que não os subscrevem ou os suspendem no cumprimento das suas diretivas e aqueles que por vezes não agem em conformidade quando os assinam o que leva a que as Instituições no terreno estejam sujeitas à apatia e às manobras dos interesses dos grupos económicos, políticos e sociais.
Num quadro normativo desta natureza as alterações climáticas reagem na proporção direta da irresponsabilidade, incompetência e ilegalidade por o não cumprimento dos referidos acordos internacionais e têm como consequências desequilíbrios nos oceanos, nos continentes e na atmosfera provocando cada vez mais catástrofes. A exploração e as experiências incoerentes nos três elementos não tem em conta o equilíbrio quando os referidos interesses marginalizam, omitem e desclassificam as informações científicas, os pareceres das entidades reguladoras e as diretivas intraestatais, por razões que a razão desconhece e muito raramente são penalizados.
No caso em apreço, no combate ao fogo, as verbas são insuficientes para bombeiros e as suas Associações que estão no terreno, o financiamento é mal gerido por quem tem a função de as redistribui, os planos de atividades e os orçamentos não têm em conta o objeto/ambiente nem a natureza/situação real. A solução para as alterações climáticas/catástrofes passa por um equilíbrio natural com o investimento dos Municípios em rebanhos de ovinos, caprinos e outras espécies, na fauna e flora locais, o investimento das Freguesias em árvores que criem barreiras aos fogos, aos ventos e às águas, culturas sazonais que requalifiquem a drenagem nos solos e o investimento na Educação com incentivos ao voluntariado no ambiente da comunidade juvenil (serviço cívico).
No interesse global acabemos com soluções de recurso, com investimentos megalómanos e desproporcionados, criemos projetos de formação que tenham em conta situações de interoperabilidade e a reutilização de programas entre as instituições, façamos orçamentos estruturados que tenham em conta os resultados operacionais entre despesas e benefícios. As soluções para os grandes problemas das alterações climáticas são como em regra geral, simples e práticas, utilizando o bom senso com o conhecimento do passado, as inovações tecnológicas do presente e programando o futuro com base no saber, no estar, no fazer e no ter das comunidades locais alteraremos o atual cenário e construiremos uma herança credível para as novas gerações.
As Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários tem o “know how” por via da experiência acumulada na proteção civil de pessoas, bens, edificações urbanas, industriais e comerciais, falta-lhes aliar a essas razões de facto as razões de direito com base numa profissionalização / certificação / curadoria oficial que teimam em rejeitar, salários dignos para os bombeiros com contratos de trabalho nessas instituições e formação profissional continua. Aos governos pede-se ainda que reconheçam em sede de IRS ou em tempo de serviço para a aposentação , o trabalho de anos e anos de voluntário a todo o tempo, face às responsabilidades cívicas dos dirigentes das Associações.
Os Bombeiros são o único exército indispensável, pois todos os outros só existem por causa da ignorância humana. Eduardo Louzada Pires