A Humanidade desde sempre conseguiu desenvolver-se à medida que os domínios dos instrumentos postos à sua disposição evoluíram, a sobrevivência do mais forte no saber e no poder, até aos dias de hoje, é uma realidade que determina a evolução, fruto da competitividade, da inteligência, do interesse, da ambição e da subsistência. A sociedade deve saber empregar esse comportamento de maneira adequada, ajustando-o à ética, e construir o futuro com base num diálogo aberto entre as capacidades e as necessidades, com base nos princípios dos direitos fundamentais, a fim de devolverem à liberdade, à igualdade, à fraternidade e à solidariedade, os lugares que devem ocupar no âmbito das relações humanas, entre os cidadãos, os povos e as raças.
A palavra “fraternidade” tem origem no termo latino “fraternitas”, que significa “irmão”, a teoria está relacionada com a ideia de irmandade, de uma grande família humana, de uma filosofia de igualdade e de ajuda mutua. A Revolução Francesa em 1789 adapta este conceito na organização revolucionária com a irmandade da fraternidade com base em certas profissões contra o poder absoluto da monarquia, por uma sociedade mais justa com liberdade e igualdade. A fraternidade como um grupo de irmãos como uma unidade, como encontramos nas doutrinas das religiões, nas associações e irmandades, mas já na Idade Média o conceito era visto como uma virtude cristã, referia-se ao amor ao próximo e ao compromisso com a caridade só posteriormente teria a evolução e a adaptação sociais e políticas.
A palavra “Solidariedade” tem origem no francês "solidarité", que significa responsabilidade mútua, a designação foi registada em 1765 a partir de “solidaire” que significa inteiro, completo, interdependente, derivado de “solide”, do latim “solidus”, que significa firme, inteiro, sólido. Em teoria significa a qualidade de solidário e um sentimento em relação ao sofrimento do outro é um ato de bondade e compreensão com o próximo, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre duas ou mais pessoas, é uma filosofia de ideias e doutrinas convergentes. É um direito da quarta geração emergiu com a democracia, a sociedade da informação, o pluralismo e a tomada de consciência sobre a dignidade da pessoa humana, com base no direito às opções de vida, cada individuo é uma pessoa e não um objeto, ao nascer adquire mais do que os direitos fundamentais, tem o direito e a garantia de existir, qualquer que seja o credo, o género, a orientação sexual, a condição social e a raça. O dia internacional da solidariedade comemora-se em 20 de dezembro é um dos seis princípios da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e também é mencionada na Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos.
A palavra “Resiliência” tem origem no latim “resilire”, que significa “saltar para trás”, “voltar ao estado original”, refere-se à capacidade de um indivíduo de lidar com situações de stresse e superar adversidades, refere-se ainda à capacidade de indivíduos ou comunidades de se adaptarem a mudanças e superarem desafios, significa flexibilidade e polivalência de um qualquer corpo voltar ao estado normal O conceito começou a ser utilizado para descrever a atitude dos judeus no holocausto para sobreviver, relatos das vitimas que abordam a evasão mental ao sofrimento físico e psicológico, um exemplo de superação dos traumas e experiências degradantes dos horrores vividos (Dr.Boris Cyrulnik(1) Neuropsiquiatra). O conceito hoje em dia reporta-se não ao horror e sofrimento, mas à pressão contínua exigida sobre um qualquer assédio individual, que é exigido objetivamente ou subjetivamente, considerado como uma mais valia profissional, com graves consequências para a saúde física e psicológica e estão a desvirtuá-lo e a aproveitá-lo indevidamente sem respeito pela memória dos que sobreviveram ou morreram nos campos de extermínio.
“A desigualdade começa nos primeiros mil dias de vida”(1), As três palavras, conceitos e filosofias reportam-se a épocas diferentes e caracterizam o desenvolvimento social e político emergente com a Revolução Francesa, as consolidações após a segunda grande guerra (Assembleia Geral das Nações Unidas, resolução 217 A III, 10.12.1948)e o retrocesso social e político do século XX que tem origens primeiro nas tentativas utópicas frustradas do nacional socialismo e da unicidade comunista e no populismo dos extremos e dos radicais fundamentalistas políticos ou nos fanatismos religiosos e ainda nas irmandades que provocam e promovem o caos social, destruindo as organizações democráticas por dentro a fim de dividir para reinarem como donos de isto tudo.
A sociedade tem de renascer das cinzas face aos blocos políticos, ao centro dos politicamente corretos ou dos extremos da demagogia sobre a miséria, a ignorância e o medo, é urgente um nova filosofia política para a resolução das situações de corrupções, nepotistas e de extorsões asfixiantes, por disrupção do sistema acabemos com a subsidio dependência atual, da emigração sem trabalho, do desemprego forjado e outras situações crónicas, todos homens são iguais desde que trabalhem como diria Voltaire, a solidariedade institucional deve ter contrapartidas nas instituições públicas ou sociais, exceto nas situações de incapacidades pontuais, licenças de maternidade e insuficiências físicas ou psicológicas permanentes.
“A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. Franz Kafka